O esquecimento da natureza ilusória da matéria pode levá-lo a apegar-se a estados emocionais e ao que é percebido pelos cinco sentidos. Em Avidya mora a serpente que leva você de volta à casa 9 – Kama-loka, a casa dos desejos e apegos.
Quando o jogo nos leva para esta casa, significa que algo ainda precisa ser melhor compreendido.
Uma luz precisa ser colocada sobre algum aspecto sombrio da personalidade. Em outras palavras, podemos dizer que existe um autoengano.
Neste caso, é preciso estar aberto(a) para a possibilidade de estar errado (a) em suas crenças e verdades absolutas.
Muitas vezes, Avidya se manifesta como arrogância e sentimento de superioridade.
Usar o poder pessoal adquirido para manipular os outros ou seduzi-los faz com que você retorne para a casa 9 Sensualidade e resolver-se com suas questões de carência.
Esta é a casa do manipulador carente, aquele que atua em nós quando nos deixamos levar pelos interesses pessoais ou pela necessidade de atenção e carinho que faltaram na infância. Este recurso do caminho em atrasar os desatentos de si mesmos (as) serve para trazer na consciência da memória situações que nos marcaram com determinados aspectos de ser, agir e se relacionar que acabam sempre por nos esgotar de cansaço ou desânimo.
A sedução nos induz a querer que alguém supra ou realize uma vontade ou necessidade minha. Às vezes eu mesmo (a) me seduzo de que não sou capaz disso ou daquilo.
Existe uma indolência no contato consigo mesmo(a) que surge uma necessidade ilusória de atribuir ao outro a competência de suprir e realizar nossos desejos.
Quando fazemos o papel de “coitadinho de mim”, estamos na sedução manipuladora da carência. Este comportamento oscila entre querer comandar a vida dos outros e querer que os outros resolvam sua vida.
Enfim, tudo é sedução quando os desejos de atenção e carinho tomam conta de nós.
O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete.
Esta é a casa da ignorância e do retrocesso, onde o Caminhante Lilah se deixa levar pelos interesses pessoais e é engolido pela cabeça da serpente retornando à Casa 9 (Desejos: KAMA-LOKA).
Um trajeto devastador, certamente! Entre os pensamentos e os questionamentos da roda-viva da Vida, com suas exigências paralisantes por crenças enraizadas sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o mundo, o Caminhante não se sente confortável, e precisa estar atento para não se esvair pelo ralo.
E nessas horas de perplexidade, quando as dificuldades surgem, sempre haverá no caminho da Vida uma mão amiga, um irmão que não mede forças para ajudar.
Cabe aqui ao caminhante desvencilhar-se novamente dessas exigências destrutivas e recorrer a uma nova abertura de Consciência, diante da nova oportunidade, como a música da Cigarra que tantas vezes cantou Mercedes Sosa…
Tantas vezes me mataram,
tantas vezes eu morri,
e, no entanto, estou aqui,
ressuscitando…
44. Avidyā: ignorância
Somente quando se chega ao conhecimento pode-se perceber a ignorância.
A mente é um tigre na selva dos desejos.
O verdadeiro conhecimento é a visão do Real.
Por meu lado, estou identificado com certos estados emocionais e com certas percepções de meus sentidos (jñānendriyas).