Um bom símbolo para representar a cobiça é uma cuia sem fundo, a qual nada preenche. A cobiça original é o desejo de ser amado exclusivamente. Essa é a origem da carência e do desejo. Porém, como já vimos, esse desejo não pode ser atendido e isso gera raiva e culpa.
Quando a criança não recebe o amor que deseja, ela entende que existe algo de errado com ela e, além da culpa, começa a sentir-se inadequada e deseja se tornar outra pessoa.
Ela entende que, se for perfeita, receberá o amor que necessita. A partir daí, ela cria um eu idealizado, ou seja, uma versão ideal de si mesma que servirá para agradar aos pais e, consequentemente, ao mundo.
O eu idealizado transforma-se em tirano cruel que exige da criança nada mais, nada menos, do que a perfeição. Então, ela coloca toda sua energia vital no desejo de tornar-se perfeita. É aqui que nasce a obstinação, que é prima da cobiça.
Para a criança, ser amada pelos pais é tudo. Os pais são seu mundo e não ser amada por eles representa a morte. Com isso, para proteger-se, ela fica obstinada em tornar-se esse eu idealizado para agradá-los e garantir sua sobrevivência. O problema é que essa perfeição não existe e a criança fica submetida à tirania do eu idealizado que está sempre apontando defeitos e gerando mais sentimentos de inadequação, insuficiência e inferioridade.
Esses sentimentos agravam a obstinação que, por sua vez, provoca mais raiva e mais cobiça. Cria-se um círculo vicioso auto perpetuante.
Para interromper esse círculo é preciso cortar o mal pela raiz. A cobiça só pode ser dissolvida quando entramos em contato com a real necessidade que está por trás dela. Ela é uma desconexão com aquilo que realmente necessitamos, ou seja, com aquilo que, de fato, poderá nos nutrir e suprir nossa carência.
Portanto, a cobiça é uma distração que nos leva a buscar por coisas, pessoas e experiências que não nos preenchem e apenas nos afastam daquilo que realmente importa. Para irmos em direção do que importa e nos preenche, é preciso ter coragem de olhar para a ferida do desamor.
Inicialmente é a criação da estrutura humana, o corpo como realidade temporária para uma alma habitar. Devido a esta limitação estrutural nos apegamos ao corpo e ao mundo material como se fosse a única forma real.
A cobiça é uma sensação de querer possuir algo ou alguém, como se fosse a única realidade possível. Ficamos possessivos, pois sentimos um vazio interior inexplicável e queremos preenchê-lo com algo ou alguém do mundo material, começa aqui o que chamamos de sofrimento e dependência do outro para ser feliz. Ledo engano que surge em nosso subconsciente quando na idade de bebe sentimos dor e alguém surge para nos livrar dela, fica registrado que precisamos do outro para sermos felizes. Atribuímos o elemento TERRA a esta casa simbolizando a estrutura física do nosso corpo. “E o verbo se fez carne.”
Vindo da casa 16 Ciúmes, indica um comportamento possessivo ou uma situação no seu comportamento que gerou uma sensação de rejeição ou traição.
A cobiça representa nossos apegos em relação a algo ou alguém.
A reflexão aqui também nos leva a perceber comportamentos da nossa educação rígida de valores estabelecidos pelos costumes de quem nos educou. A ambição nos leva a querer ter algo ou alguém.
“A ganância que lhe move é a mesma que lhe mata.”
Se quer para si muito além do que precisa, o Caminhante Lilah confunde seu vazio de ânimo com suas necessidades de sobrevivência.
Se pensa em si mesmo a maior parte do tempo, sem notar o que o outro sente, instala em seu mundo a ganância, a qual controla o desejo de posses mundanas ilimitadas.
Quando controlada, a cobiça pode ser um motor de desenvolvimento (é o que impulsiona o desenvolvimento econômico). Mas, quando sem freios morais que a contenha, é perigosa não apenas para o caminhante como também para toda espécie de vida no planeta.
A cobiça destrói amizades e relacionamentos e causa até grandes problemas, como a poluição, a corrupção e a guerra.
Não é que não se possa aproveitar ao máximo tudo o que provêm do Divino, mas o cuidado consiste em não se afastar dele. Longe do Supremo, o caminhante está cada vez mais longe de sua libertação, emancipação e iluminação.
A Ganância é a cauda da serpente do Ciúme (Casa 16), e como não tem sustentação, todo o logrado é inconsistente. Quem não se lembra da galinha dos ovos de ouro, famosa fábula de Esopo?
4. Lobha: cobiça
Estou separado e sou tão diferente dos outros que me sinto só. Preciso completarme.
Entretanto, confundo o vazio que deixou o Uno ao evaporar-se do jogo, com as necessidades materiais e tento preencher-me satisfazendo-as.
Então, se minha necessidade é de uma casa, meu desejo é de cinco.
Estou inseguro, e a insegurança provém do medo.