A fantasia pode ser observada de dois ângulos, um positivo e outro negativo.
O positivo é a conexão com a imaginação e com o brilho da criatividade.
O negativo é o autoengano e a ilusão.
A criança, naturalmente, vive dentro de mundo fantástico, cercada de personagens e imagens multicoloridas. Nós, adultos, vivemos isso através dos filmes, das histórias e da nossa própria capacidade de imaginar. Essa casa evoca a energia da exploração e experimentação de novas possibilidades e de novos mundos. Ela vem para ativar potenciais realidades internas (virtudes adormecidas ou poderes desativados) que contém chaves para a criação de novas realidades externas. Esse aspecto da Fantasia faz parte da energia do Maha Lilah, dela surge a arte e a beleza, surge a inspiração que nutre a alma.
Outro aspecto desta casa é a ilusão que se manifesta como necessidade de escapar da realidade e inventar histórias para convencer-se de algo, o que é outro nome para o autoengano. Existe uma tendência de idealizar cenários, criando idéias utópicas que não condizem com a realidade.
Quando vista por este ângulo, Naga-loka traz um questionamento:
O que não estou querendo enxergar?
Como posso estar distorcendo a realidade para continuar não enxergando?
O que preciso ver para avançar na jornada?
A fantasia, quando não atendida, gera frustração e perda de energia. Quando estamos colocando energia em algo que não tem a ver com a nossa essência ou propósito, essa casa aparece para nos dizer que um processo de desconstrução precisa ser atravessado.
A fantasia é a energia mental que precede uma ação, o desperdício desta energia provoca quedas e o bom uso traz a criatividade nas ações do jogador.
Podemos considerar nossa fantasia como se, em uma tela mental projetarmos idéias, sonhos, desejos e vontades de realizações.
Nesta tela mental é imprescindível ter claro uma intenção viável de se realizar, O uso demasiado da fantasia nos tira da realidade do que é real e nos entorpece em devaneios na busca do ideal.
Sonhar demais nos fará cair e retornar sempre a planos inferiores do jogo da vida.
Sem fantasia não tem Carnaval.
Aqui voa a imaginação muito além do Plano Físico, e o Caminhante Lila não vê limites para sua existência. Não há nada que não possa fazer.
No entretenimento o jogador percebe as possibilidades, aqui ele mergulha nelas. Como diz o poeta Fernando Pessoa, por meio de seu heterônimo Alberto Caeiro:
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê, é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Aqui o caminhante usa o que capta com seus sentidos para criar combinações nunca experimentadas que o levam à curiosidade, com muitas perguntas e respostas, até adquirir o Conhecimento, sem o qual não há ascensão.
Mas, atente-se, Caminhante Lilah! Nesses voos muito altos de sua imaginação, poderá perder o contato com o cotidiano. E a serpente do Ciúme está à espreita logo adiante na Casa 16 (Ciúme, Aversão: DWESH), para devorá-lo, se estiver tão envolvido no fantástico que não vê o que está bem na frente do seu nariz.
Naga, na mitologia hindu, é um membro de uma raça semidivina, parte humana e parte cobra, associada à água e às vezes com iniciação mística. Naga-Loka seria a casa da sabedoria, da Kundalini, da energia plena.
Aproveite e cuide-se!
15. Nāgaloka: fantasia
Aqui voa a imaginação: não há nada que não possa fazer.
Nada é demasiado fantástico ou estranho.
Na brincadeira, despertei as possibilidades.
Aqui, mergulhei nelas.
Estou materialmente seguro, tenho meu sucesso garantido e, com a maré da autoconfiança, a imaginação criativa pode voar.
A fantasia é o poder que está por trás da criatividade.